07 dezembro 2008

Alegados reembolsos fraudulentos de IVA: Dias Loureiro levou Jorge Coelho para a "Valor Alternativo"

O valor do fundo Alcântara é, segundo o jornal ‘Público’, de 5,5 milhões de euros. Destes, cerca de 4,5 milhões terão sido obtidos através de devoluções ilícitas de impostos, relacionados com um esquema fraudulento.


Jorge Coelho entrou no capital da Valor Alternativo, empresa que gere um fundo cujos titulares estão a ser investigados por burlas com o IVA, por sugestão de Dias Loureiro. O ex-ministro da Administração Interna do PS investiu cerca de cem mil euros, o que corresponde a uma participação de 7,5%. Dias Loureiro também é sócio minoritário, com uma quota de 30,5%.

A entrada do ex-ministro do Partido Socialista aconteceu já este ano, através Congetmark, numa candidatura aprovada em Maio pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Também Dias Loureiro entrou na Valor Alternativo, onde é chairman, através de uma empresa, a DL Gestão e Consultadoria, SA., em Agosto de 2007. O sócio maioritário é Rui Vilas, que é também presidente executivo e responsável pela gestão da empresa.

Ao que o CM apurou, quando os dois amigos (Loureiro e Coelho conhecem-se desde pequenos) entraram no capital da Valor Alternativo já estava a correr uma investigação aos participantes de um fundo (Valor Alcântara) por suspeita de burla com verbas do IVA, no âmbito de negócios de sucatas.

Estas verbas teriam sido depois branqueadas através da compra dos imóveis que integraram o Fundo Alcântara, de acordo com o jornal ‘Público’.

Os bens do fundo foram ‘imobilizados’ pelo Tribunal de Gondomar, que em despacho de Dezembro de 2007 voltou a entregar a gestão dos bens à Valor Alternativo, explicou ontem Dias Loureiro, em entrevista à SIC.

A investigação aos titulares dos fundos surpreenderia a Valor Alternativo, ainda de acordo com Dias Loureiro, que colaborou com a Justiça na entrega dos elementos pedidos. O fundo Valor Alcântara foi auditado pela Caixa Geral de Depósitos e registado com o aval da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a 23 de Março de 2007.

A gestora do fundo garantia ontem, em comunicado, que “a gestão do fundo e a Valor Alternativo não foram objecto de qualquer processo judicial ou de outra natureza”.

VALOR APLICADO EM IMÓVEIS

A Valor Alternativo, que gere o fundo sob suspeita, foi criada em Novembro de 2003 e apresenta-se como uma sociedade gestora de activos financeiros que tem por finalidade retribuir retornos líquidos acima da média, assegurando uma “reduzida volatilidade”.

O fundo Valor Alcântara, que a Polícia Judiciária acredita ter sido financiado através de reembolsos ilícitos de IVA, foi criado em Maio de 2007. É composto por cerca de uma dezena de prédios, quase todos na região de Lisboa. A PJ acredita que parte do valor recebido foi utilizado na aquisição de imóveis.

PERFIS

DIAS LOUREIRO

Nasceu em Aguiar da Beira, foi ministro dos Assuntos Parlamentares no primeiro Governo de Cavaco, mas foi na Administração Interna que ganhou relevo, após o bloqueio da ponte 25 de Abril.

JORGE COELHO

Nasceu em Viseu, chegou ao Governo no mandato de Guterres como titular da Administração Interna. Seguiu-se a pasta das Obras Públicas. Demitiu-se após a queda da ponte de Entre-os-Rios.

DETALHES

CONTRATO

Dias Loureiro não sabe explicar por que é que proprietários dos imóveis que integram o fundo entregaram a gestão à Valor Alternativo, tendo garantido à SIC não conhecer os envolvidos.

5,5 MILHÕES

O valor do fundo Alcântara é, segundo o jornal ‘Público’, de 5,5 milhões de euros. Destes, cerca de 4,5 milhões terão sido obtidos através de devoluções ilícitas de impostos, relacionados com um esquema fraudulento.